Bloco da Saúde Mental no Carnaval 2012
(16/02/2012 - 18:09)
(16/02/2012 - 18:09)
Um grupo de foliões saiu do Centro de Atenção Psicossocial de Santa Maria (Caps), para se juntar a um bloco de carnaval que invadiu a Rodoviária do Plano Piloto, na última sexta-feira. O primeiro desfile do Bloco da Saúde Mental reuniu cerca de 150 servidores da Secretaria de Saúde e usuários dos Caps que atendem dependentes químicos e pessoas que sofrem transtornos mentais em todo Distrito Federal.
Além de descontração, o mais novo bloco de carnaval de Brasília deu um exemplo claro de engajamento social ao reforçar o compromisso da sociedade com grupos que carregam rótulos desagradáveis e equivocados devido às vulnerabilidades de sua saúde mental. Eleonara Chagas corria do trabalho para casa quando se deparou com o bloco e parou para observar. “Eles tem transtornos mentais? Mas é um bloco igualzinho a esses que a gente vê por aí. Gente cantando, dançando e pulando”, disse a secretária, que também ficou surpresa com a forma bem humorada como o grupo brincava com sua próprio condição. “Eu gostei quando li num estandarte o nome de “Bloco do Rivotril”, afirmou.
Ademário Britto, gerente do Caps Flor de Lótus, de Santa Maria, disse que os preparativos para o carnaval começaram com antecedência. Os usuários do Centro confeccionaram adereços, bolaram fantasias, criaram marchinhas e até uma espécie de alegoria foi construída: o Titanic. Seu idealizador, um ex-usuário de drogas, trazia uma frase com significado especial navio de papelão: não entre neste Titanic, você pode se afundar nele.
Ex-jogador de futebol, o atleta viu a carreira promissora ir por água abaixo ao perder o controle das substâncias que usava. “Comecei com o álcool e o cigarro e depois fui pras drogas mais pesadas. No final usava merla, cocaína e crack, até ouvir de uma médica que, se continuasse daquele jeito, teria só mais alguns meses de vida”.
A previsão dramática feita pela profissional assustou Carlos que decidiu procurar o apoio do Caps. “Minha situação era terrível. Depois de ter sido jogador profissional de futebol, eu não conseguia correr nem dez minutos”, revelou. Hoje, ainda em tratamento, Carlos está há quatro meses sem consumir qualquer tipo de droga. “As crises de abstinência foram difíceis, mas eu precisava recuperar a minha vida, porque agora é ela que está em jogo”. Um jogo que começa a virar. Carlos voltou a jogar futebol e venceu o campeonato amador de Santa Maria. Aos poucos começa a recuperar também o tempo perdido e planejar o futuro. “Eu estava perdendo de 1 a 0 no início da partida, agora eu empatei o jogo e estou indo pro segundo tempo, pronto pra fazer mais um gol e virar a partida”.
Histórias de superação semelhantes dançavam entre os batuques da percussão. Em meio a tanta alegria, o que se via eram apenas pessoas comuns, dispostas a pular carnaval e botar seu próprio bloco na rua.
De acordo com o diretor de Saúde Mental da Secretaria de Saúde, Augusto Cesar Farias, a proposta é integrar os serviços que atendem portadores de transtornos mentais num evento público e aberto à participação da sociedade. “O carnaval, devido a seu caráter de inclusão social, representa um instrumento ímpar para que essas manifestações, além do aspecto lúdico, se configurem como verdadeiros atos políticos” salienta.
O Bloco da Saúde Mental tem estandarte, fantasias e até marchinha própria. A música, gravada em estúdio profissional, é uma composição do diretor Augusto Cesar e do psicólogo e assessor da Disam, Aristótoles de Oliveira Pereira. O refrão destaca o caráter democrático da agremiação ao ressaltar que “Nosso bloco não tem corda/Venha se esbaldar /Cabe eu, cabe você/Cabe quem mais chegar”.
Letra da marchinha
( Saúde Mental):
Nosso bloco não tem corda
Venha se esbaldar REFRÃO
Cabe eu, cabe você
Cabe quem mais chegar
Chega junto, vem depressa
Pra brincar, brinquei
nessa festa vale tudo
Ser vassalo ou rei
Nosso bloco não tem corda
Venha se esbaldar REFRÃO
Cabe eu, cabe você
Cabe quem mais chegar
Brasília já despertou
pra esse carnaval
Nossa turma traz folia
E Saúde Mental
Nosso bloco não tem corda
Venha se esbaldar REFRÃO
Cabe eu, cabe você
Cabe quem mais chegar
( Saúde Mental):
Nosso bloco não tem corda
Venha se esbaldar REFRÃO
Cabe eu, cabe você
Cabe quem mais chegar
Chega junto, vem depressa
Pra brincar, brinquei
nessa festa vale tudo
Ser vassalo ou rei
Nosso bloco não tem corda
Venha se esbaldar REFRÃO
Cabe eu, cabe você
Cabe quem mais chegar
Brasília já despertou
pra esse carnaval
Nossa turma traz folia
E Saúde Mental
Nosso bloco não tem corda
Venha se esbaldar REFRÃO
Cabe eu, cabe você
Cabe quem mais chegar
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